domingo, 25 de novembro de 2012

O Pianista

Eu sou aficcionada por filmes de guerra. São filmes que comumente me fazem muito mal, me trazem um certo sofrimento (ou muito), mesmo assim não posso deixar de assistí-los. Sei lá, acho que sou meio sádica né.

Mas hoje assisti o filme O Pianista. É um filme que aborda a perseguição nazista na Polônia, ou seja, a matança promovida pelos nazistas contra os judeus. É um filme bem doloroso, sofrido, intenso.

As cenas mais difícieis de "digerir" são as cenas de fome. São de chorar. Não que as cenas de matança não sejam cruéis e difíceis. Mas por vezes, sujeitar as pessoas a certas situações de humilhação, depravação, constrangimento, pode ser mais cruel que a própria violência física. A fome mostrada no filme é a imposição de uma forma de morte lenta e cercada de descaso. Ultrajante. A cena que mais me emocionou no filme é quando, já em fuga e escondendo-se por apartamentos, becos e esconderijos, ele é em determinado momento ajudado por um casal, e quase desmaiando na sala pede por um pedaço de pão.

Você não precisa gostar de filmes de guerra pra curtir esse filme. Ele não é um filme sobre guerra. Ele é um filme sobre sobrevivência, solidão e perseverança. A interpretação é estupenda. O cenário, belissimamente bem montado. É possível sentir a tensão e o medo constante de Szpilman. 

O filme é baseado em uma história real. Quero dizer que há nomes verdadeiros e histórias verdadeiras relacionadas especificamente ao roteiro do filme, em parte. Mas é estranho dizer isso quando se trata de um filme sobre a segunda guerra mundial e o nazismo. Afinal de contas, as tragédias vividas nesses filmes podem não ter acontecido exatamente como filmado ... mas o fato é que tantas pessoas foram assassinadas cruelmente, que sobram histórias terríveis que envolvem essas mortes. Todas essas pessoas tinhas histórias. Provavalmente a maioria delas merecia ser contada. Muitos, com lindas histórias. Muitos, com histórias absolutamente comuns ... vidas maravilhosamente comuns.

Alguns podem se sentir sensibilizados pela atitude do capitão Wilm Hosenfeld. Ok, eu admito, ele foi fundamental para que Szpilman não minguasse até a morte. No entanto meu sentimento de compaixão por ele e seu desfecho não são tão favoráveis (mesmo com aquele rostinho lindo e perfeito sendo tão querido com Szpilman rsrs). Mas falando sério, eu fiquei um pouco incomodada com ele: teria ele naquele momento noção do que o nazismo estava fazendo ? foi realmente um ato de arrependimento sobre a dor provocada ? uma solidariedade pelo ser humano à sua frente ? ou teria ele sentido compaixão em função meramente do talento de Szpilman ? Poderia ele pensar sobre quantos outros grandes talentos foram disperdiçados, assassinados na guerra. Mas e a sensibilização acerca daquele judeu com sua história absolutamente comum, que mencionei antes ? Quantas vidas, maravilhosa e absurdamente comuns. Seria alguma delas também merecedora da piedade do capitão ? Sendo um cidadão comum, sem uma história, sem um talento especial, escondido naqueles escombros ... qual seria a reação de Wilm ? Talvez não o matasse. Talvez sim. Talvez fosse embora e o deixasse pra trás, sozinho com seu enlatado impenetrável. Quem vai saber ?
Um outro ponto a ser pensado, é que o capitão Hosenfeld se deparou com Szpilman quando a derrota já era bastante iminente. Ele mesmo disse: "- você só tem que aguentar mais algumas semanas". Os russos estavam do outro lado do rio. Teria ele acobertado e ajudado o pianista 1 ano antes, quando a derrota não beirava sua porta ? Portanto, não fico tão sensibilizada com o capitão. Quando Szpilman foi atrás dele, torci sim para que o encontrasse. Queria muito que Szpilman o ajudasse, o libertasse, fosse importante para ele também. Acima de tudo como forma de bradar a vitória para a dignidade humana. Aquilo que nos faz realmente humanos.


Ficha Técnica:

Diretor: Roman Polanski
Elenco: Adrien Brody, Emilia Fox, Michal Zebrowski, Ed Stoppard, Maureen Lipman, Frank Finlay, Jessica Kate Meyer, Julia Rayner, Wanja Mues, Richard Ridings, Nomi Sharron, Anthony Milner, Lucy Skeaping, Roddy Skeaping, Ben Harlan.
Produção: Robert Benmussa, Roman Polanski, Alain Sarde
Roteiro: Ronald Harwood
Fotografia: Pawel Edelman
Trilha Sonora: Wojciech Kilar
Ano: 2002
País: Reino Unido/ França/ Alemanha/ Polônia
 

 
 


 
 


 
 
E confira aqui o trailer do filme:
 
 
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